sábado, 24 de abril de 2010

PÂNCREAS ARTIFICIAL - UMA NOVIDADE?

Por Mauro Scharf

Assistimos nesta semana uma reportagem de grande repercussão da Rede Globo, falando do pâncreas artificial. Fico um pouco preocupado com algumas terminologias utilizadas pelas mídias em geral, pois elas não refletem ainda uma realidade. Trouxe novamente so meu blog uma matéria qu escrevi em setembo de 2009 para o site da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) onde trouxe a informação em primeira mão, postada no site imediatamente ao final da apresentação do Edward Daminano, que mostrou o seu ˜pâncreas artificial" com o conceito do uso do Glucagon e insulina em bombas de insulina somados ao sistema denominado closed loop, que se trata de um software que gerencia as informações das glicemias obtidas pelo REAL TIME e envia informações para as bombas de infusáo de insulina e glucagon.
Segue na íntegra o post de setembro, falando exatamente sobre a "NOVIDADE" apresentada agora em abril de 2010 em uma boa matéria levada ao ar pelo Jornal Nacional. Creio que este caminho vai progredir e possivelmente auxiliar a muitos pacientes diabéticos.

No final de setembro e início de outubro os maiores especialistas em diabetes do mundo se reuniram em um congresso em Viena, na Áustria. O objetivo do evento foi compartilhar entre os profissionais de saúde os estudos e a discussão sobre as novas tecnologias empregadas no tratamento da doença. Um congresso que confirmou que o Brasil está traçando o caminho certo em relação ao diabetes.

Uma das palestras de destaque a que assistimos foi proferida por Bruce Buckingham, endocrinologista pediátrico de Stanford (Califórnia, EUA), que mostrou um sistema de predição e automação da prevenção de hipoglicemia em pacientes com bombas de insulina, utilizando um programa de algoritmos de alarmes para a suspensão da infusão de insulina.

O trabalho de Buckingham mostrou que cerca de 75% das hipoglicemias em crianças ocorrem durante o sono, com uma taxa de risco de morte próxima a 6%. As hipoglicemias duram, em média, 81 minutos por episódio. Em 47% das crianças, a hipoglicemia acontece com pelo menos uma hora de duração, 23% com duas horas e 11 % com três horas de duração. Com seu algoritmo, usando três alarmes seguidos para determinar a suspensão da infusão de insulina, o endocrinologista de Stanford reduziu em cerca de 75% os episódios de hipoglicemia. O sistema aguarda aprovação do FDA (Food and Drug Administration, agência reguladora do setor nos Estados Unidos), pois prevê num sistema de loop a descontinuação e o reinício da infusão da insulina de forma automatizada.

Outro trabalho fascinante que presenciamos no Congresso de Viena foi o de um Bioengenheiro de Boston, Edward Damiano, que utilizou um sistema de loop fechado e completou o primeiro trabalho em humanos agora em setembro de 2009, infundindo insulina em uma bomba e glucagon em outra. A vantagem do sistema é a utilização somente do peso corporal e não ter necessitado de intervenção com carboidratos, demonstrando excelentes resultados com o promissor sistema de infusão combinada. O trabalho promete e será em breve publicado.

O italiano Cláudio Cobelli, da Universidade de Pádua, apresentou um trabalho polêmico. Ele conseguiu, junto ao FDA, a aprovação de um modelo de infusão subcutânea em um sistema de loop fechado em diabéticos tipo 1 "in silico", economizando anos e fases de pesquisa em modelos animais, alimentando o chip com dados amplamente conhecidos na fisiologia do diabetes. "In silico" é um termo utilizado para se referir ao silício, material da inteligência dos chips de informática. Pesquisas "in silico" são, portanto, pesquisas que utilizam modelos desenvolvidos em chips, que simulam o corpo humano.

O simulador foi aprovado em 18 de janeiro de 2009 pelo FDA e deve dar o que falar, pois vários questionamentos surgiram quanto às inúmeras e incontáveis variáveis que o programa simulador ainda precisará desenvolver para responder como um modelo animal. Como é "in silico", pode ser continuamente aperfeiçoado e poderá futuramente individualizar modelos como, por exemplo, para obesos, insulino-resistentes, dentre outros perfis. Porém, já contou com a aprovação do FDA.

O Congresso de Viena contou com a presença de diversos membros da Sociedade Brasileira de Diabetes e nosso país já disponibiliza grande parte dos recursos analisados no evento, como as bombas de insulina e os monitores real time. Os principais laboratórios brasileiros já têm hoje recursos completos para o diagnóstico e acompanhamento dos pacientes diabéticos, como os exames de Hemoglobina glicada A1C (realizada por HPLC, em metodologia preconizada pelas sociedades mundiais), CGMS (Continuous Glicose Monitoring System), Glicemia de jejum e Glicemia média estimada, provas e testes funcionais, Curvas para diagnóstico do diabetes gestacional, Microalbuminíria, Cleareance de creatinina, insulina, anticorpos anti GAD, ICA e IA2.

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